Ligada ao Centro Ibero-Americano (Ciba) da Pró-Reitoria de Pesquisa e do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, a Cátedra José Bonifácio convida todos os anos uma personalidade ibero-americana para ministrar atividades acadêmicas na Universidade. Este ano, o ex-primeiro ministro espanhol Felipe González será substituído por Beatriz Paredes Rangel, embaixadora do México no Brasil, em cerimônia realizada às 10 horas da manhã de quinta-feira, dia 16, no Auditório Professor István Jancso da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
O professor Pedro de Abreu Dallari, diretor do IRI, explica que a escolha da embaixadora se deu devido à intensificação das relações da USP com universidades mexicanas, visto que a Universidade recebe cada vez mais intercambistas daquele país. "A embaixadora Beatriz Paredes atende o perfil de ser uma grande representante da vida pública e internacional de seu país por ter sido diplomata, senadora e presidente do Congresso mexicano. Assim, se equipara em notoriedade aos catedráticos anteriores a ela, entre eles o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos, o ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento Enrique Iglesias e a ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon, além de Felipe González, que agora deixa o cargo".
Resultado das atividades da cátedra coordenada por Felipe González, livro será lançado no dia 16 – Foto: ReproduçãoParedes é também socióloga de formação. O tema escolhido por ela para trabalhar durante sua titularidade na Cátedra José Bonifácio é "Os povos originários da América Latina: História e atualidade". "Já na tarde do dia 16, a embaixadora se reunirá com o grupo de pesquisadores com quem trabalhará ao longo do próximo ano para definir um calendário. Ela voltará ao Brasil cinco ou seis vezes nesse período para encontrar-se com os pesquisadores, ocasiões nas quais fará também conferências em diferentes unidades da USP", explica Dallari.
Segundo o professor, os trabalhos da cátedra ocorrem em três níveis: o trabalho de pesquisa com um grupo de cerca de 50 pesquisadores de diferentes programas de pós-graduação da USP, que ao final gerará um livro; as conferências públicas; e eventos externos à cátedra, nos quais o titular se integra a diferentes atividades da Universidade. "Enrique Iglesias, por exemplo, foi à unidade de Ribeirão Preto e lá inaugurou o curso de pós-graduação em América Latina na Faculdade de Direito. É parte do papel de mobilizar a Universidade."
Dallari ressalta a importância da cátedra no processo de produção e aquisição de conhecimento da Universidade. "Produzimos aqui na USP conhecimento teórico de altíssimo nível, e a presença dessas personalidades de fora da academia na cátedra traz um outro tipo de conhecimento, aquele da ação prática nas ciências sociais, na história, na política, na economia. Por exemplo, um evento importantíssimo como o Brexit ainda levará de dois a três anos para ser sistematizado na literatura acadêmica, porém nossos alunos puderam ter contato com a experiência pessoal de Felipe González em relação a esse tema, dado que ele conhece profundamente a realidade europeia e teve contato com pessoas envolvidas no evento, como David Cameron. Esse conhecimento adquirido na fonte é preciosíssimo para nossos pesquisadores."
Os trabalhos conduzidos por Felipe González renderam o livro Governança e Democracia Representativa, que conta com diversos artigos em português e espanhol sobre o tema e será lançado pela Editora da USP (Edusp) durante a cerimônia de despedida de González da cátedra, no dia 16, às 10 horas, na Biblioteca Brasiliana. O evento contará com a apresentação da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), com participação do maestro espanhol Alexis Soriano e um programa em homenagem aos 150 anos da morte do compositor espanhol Enrique Granados.
Fonte: http://jornal.usp.br/cultura/embaixadora-do-mexico-assume-a-catedra-jose-bonifacio/