O texto publicado está acessível em: https://reb.universia.net/article/view/3076/beatriz-paredes-presencia-mexicana-brasil
Também está disponível o vídeo da entrevista, acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=ptruxmF5aSE
Laura Chinchilla assume a Cátedra e define como tema os desafios da liderança e da democracia na América Latina
A ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, tomou posse como a nova titular da Cátedra José Bonifácio. A cerimônia foi realizada no dia 16 de abril e contou com a presença de dirigentes, pesquisadores, intelectuais e representantes do corpo diplomático do México e da Costa Rica.
"Desde o seu início, o objetivo da Cátedra José Bonifácio foi o de proporcionar o contato de grandes personalidades da política, da economia e da cultura da Ibero-América com a comunidade acadêmica, agregando a vivência teórica de nossos alunos com a experiência. Estamos iniciando o sexto ano de projetos consecutivos de atividades da Cátedra, e o aporte que essas grandes personalidades dão à formação de nossos alunos complementa a excelência do padrão acadêmico da USP", afirmou o coordenador do Centro Ibero-Americano (Ciba), Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari.
Em seu discurso, o reitor Vahan Agopyan também ressaltou a importância das Cátedras na Universidade. Segundo ele, "nas últimas décadas, perdemos a capacidade de estudar temas amplos, abordando suas diversas facetas. As Cátedras vieram suprir essa deficiência, e a Cátedra José Bonifácio foi a primeira criada nesses moldes. Em cinco anos de atividade, cada catedrático enriqueceu as discussões na Universidade. Beatriz Paredes, por exemplo, foi mais do que uma catedrática, foi uma verdadeira embaixadora do México dentro da USP, trazendo a cultura daquele país para os nossos estudantes e pesquisadores. Agora, temos a honra de contar com o conhecimento da ex-presidente Laura Chinchilla para ampliar as discussões sobre a Ibero-América".
A diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Maria Arminda do Nascimento Arruda, fez o discurso de saudação à nova catedrática.
Os desafios da democracia latino-americana
Socióloga formada pela Universidade da Costa Rica, em 1982, com mestrado em políticas públicas pela Universidade de Georgetown, Laura Chinchilla foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Costa Rica, entre os anos de 2010 e 2014, depois de ter sido vice-presidente e secretária da Justiça daquele país. Atualmente, é a presidente da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Havana.
Introduzindo os temas que serão desenvolvidos pela Cátedra neste ano, Laura falou sobre os desafios da liderança e da democracia na América Latina. Segundo ela, o boom econômico do início dos anos 2000 levou a uma importante revolução social em toda a região e foi capaz de diminuir a pobreza e expandir a classe média. No entanto, com a estagnação econômica do início desta década, problemas como desemprego e queda no comércio deterioraram parte dessas conquistas sociais.
"Observamos que os ciclos econômicos explicam, em grande parte, a satisfação ou a insatisfação das pessoas em relação à democracia. O cenário de descontentamento com a democracia está associado ao desenvolvimento da economia. Ou seja, não basta analisar a democracia do ponto de vista de suas convicções próprias – como o respeito pelos direitos humanos, pela liberdade de expressão, pelo equilíbrio de poderes –; o que se espera é que a democracia seja eficaz e solucione os problemas e as demandas dos cidadãos", explicou a catedrática.
O mundo indígena na América Latina
Após a cerimônia de posse, foi realizado o lançamento do livro O Mundo Indígena na América Latina: Olhares e Perspectivas, publicação da Edusp que reúne o resultado das pesquisas realizadas pela Cátedra José Bonifácio em 2017.
A obra marca a despedida da embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes, à frente da Cátedra. "Quando aceitei o convite para comandar esta Cátedra, a intenção era unir a força da USP com a reflexão sobre o mundo indígena não só do Brasil e do México, mas de toda a América Latina. Para minha grata surpresa, houve grande interesse dos pesquisadores que, inclusive, tinham experiência na vida cotidiana das diversas comunidades indígenas do Brasil".
Beatriz também faz questão de lembrar que "o grande aprendizado é a aproximação com o mundo indígena e o aprendizado de que o outro é diferente, mas é igual. Que ser distinto não é ser inferior e que muitos de seus valores e cosmogonias estão entre a mais alta hierarquia do conhecimento chamado universal".
Laura Chinchilla tomará posse no dia 16 de abril e substituirá a embaixadora Beatriz Paredes
Ex-presidente da Costa Rica e figura de proa entre os intelectuais latino-americanos, Laura Chinchilla atuará em São Paulo em 2018
Ex-presidene da Bolívia, Calos Mesa Gisbert, participa da conferência sobre a resolução de conflitos na América Latina.
O texto publicado está acessível em: https://reb.universia.net/article/view/3076/beatriz-paredes-presencia-mexicana-brasil
Também está disponível o vídeo da entrevista, acessível em: https://www.youtube.com/watch?v=ptruxmF5aSE
Até o dia 30 de julho, a mostra apresentará na USP reproduções de escrituras dos povos ameríndios
Produzidos pelas grandes civilizações que aqui viviam antes da chegada dos colonizadores, os códices são manuscritos feitos em cascas de figueiras, fibras de cacto ou pele de animais, onde se encontram relatos históricos e ideológicos dos povos ameríndios. Para a embaixadora do México e titular da Cátedra José Bonifácio da USP, Beatriz Paredes, “os códices são um pedaço de nossa pele, da pele da América Latina”.
Por isso, a catedrática, em conjunto com o Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos (Cema) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, inaugurou no dia 23 de maio a exposição Códices Mexicanos: imagens, escritura e debate.
A mostra conta com reproduções dos códices pré-coloniais e coloniais produzidos pelos povos da Mesoamérica — astecas, maias e náuas — que viviam na região da América Central, abrangendo parte do território do México, Guatemala, Honduras e Nicarágua. A exposição estará em cartaz no Prédio da História e Geografia da FFLCH até o dia 30 de julho.
“Os códices, além de carregar nossa pele, carregam a nossa alma, e ensinam que a alma mesoamericana era uma alma que se comunicava com o cosmos. São as crônicas de nossas guerras, de nossas ascensões, de nossas memórias, de nossas derrotas, mas, sobretudo, são a consciência de que, desde então, o ser humano queria deixar gravada a sua memória”, reflete Beatriz.
Feitos pelas elites dirigentes das civilizações mesoamericanas, os códices eram usados para registrar acontecimentos importantes desses povos, fazer prognósticos sobre a sorte de cada ano, listar cidades e tributos conquistados e contar sua cosmologia.
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“Cada cidade ou vila da Mesoamérica tinha vários desses ‘livros’, mas, entre os códices pré-hispânicos, só sobraram 12”, informa Eduardo Natalino dos Santos, professor da FFLCH e um dos coordenadores do Cema. Com a chegada dos colonizadores europeus, a destruição de registros pré-coloniais foi uma violenta estratégia empregada para mudar a forma de pensar dos povos nativos que, então, eram catequizados.
“Os povos ameríndios têm um sistema de pensamento muito diferente do nosso”, diz o professor. “Estudar esses povos sem simplesmente projetar os nossos valores sobre eles é um grande exercício de alteridade. Porque geralmente nós pensamos que essas culturas são equivalentes às nossas, mas, na verdade, elas possuem diferenças muito radicais.”
http://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20170529_00_codice_expo6-300x158.jpg 300w, http://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20170529_00_codice_expo6-768x403.jpg 768w, http://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20170529_00_codice_expo6-364x191.jpg 364w" sizes="(max-width: 400px) 100vw, 400px" style="box-sizing: border-box; height: auto; max-width: 100%; vertical-align: middle; display: block; margin: 1px;">Eduardo Natalino é professor da FFLCH especializado na cultura mesoamericana – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Para esses povos, por exemplo, os deuses eram personificados em pessoas da elite dirigente e essas pessoas poderiam deixar de ser ou se tornarem deuses. “E isso muda muita coisa de lugar, porque torna essa fronteira entre homens e deuses muito mais permeável, muito mais transitável. A convivência com esses deuses era muito mais cotidiana, pois aquelas pessoas não representavam um deus impalpável, elas eram um deus”, explica. “Quando a gente começa a entender essas diferenças, isso ajuda a entender muitas outras coisas dessa sociedade.”
Outra característica que desafia os conceitos ocidentais é o sistema de escritura dessas civilizações. Nele, a iconografia podia ter valores tanto ideográficos — que representam uma ideia — quanto fonéticos — que representam como uma palavra deve ser pronunciada. Dependendo do povo que a utilizava, essas imagens poderiam ter usos mais ideográficos ou mais fonéticos, ou até mesmo misturavam um pouco dos dois.
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Para se referir a pessoas ou lugares, os ameríndios usavam formas genéricas, os topônimos, adornadas com símbolos que representassem suas particularidades ou a pronúncia de seus nomes. Assim, se uma montanha, o topônimo utilizado para se referir a uma cidade, era acompanhada por um sol e uma esteira, isso poderia significar que estas eram as características que a faziam ser reconhecida ou que seu nome era semelhante à pronúncia de “sol-esteira”.
Esse tipo de escritura foi sendo modificado no período colonial, que, apesar de haver a destruição em massa de registros pré-coloniais, também foi um período de intensa produção de novos códices, os códices coloniais.
“É um período ambíguo”, classifica Natalino. “Os missionários cristãos se interessaram pelo saber ameríndio, mas não tinham um interesse pela sua preservação, tinham interesse pela manutenção do poder.” A produção de códices coloniais foi feita em interface com os colonizadores como forma de reforçar o domínio sobre os povos nativos.
Nessa nova produção, as imagens começaram a ser acompanhadas de “traduções”, que sinalizavam aos colonizadores como os nomes eram escritos na língua nativa. Até mesmo o formato dos códices foi modificado. Antes da chegada dos europeus, eles tinham formato de biombo. A partir da colonização, começaram a ser feitos também em grandes telas, os lienzos, e alguns chegaram a ter formato de livro. Os traços dos desenhos mesoamericanos também começaram a ser mais europeizados.
As réplicas das coleções da Biblioteca da FFLCH, do Cema e da catedrática Beatriz Paredes que estão expostas na exposição reúnem as principais características de cada fase dessa parte da cultura ameríndia.
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A exposição Códices Mexicanos: imagens, escritura e debate estará em cartaz até o dia 30 de julho de 2017, no Prédio de História e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 10h às 21h. Visitas guiadas ocorrem às terças-feiras, às 18h. Escolas ou grupos podem agendar um horário através do e-mail:
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Fonte: Jornal da USP (http://jornal.usp.br/cultura/exposicao-codices-mexicanos-revela-a-pele-e-a-alma-mesoamericanas/)
No dia 25/09 ocorreu a reunião mensal dos pesquisadores da Cátedra José Bonifácio, que contou com a presença da catedrática Beatriz Paredes, do Prof. Eduardo Góes Neves (Professor Titular de Arqueologia Brasileira do MAE-USP) e de Yawabane Kaxinawa, médico tradicional da Nação Kaxinawa. Na ocasião, os palestrantes disutiram os processos de descolonização e o indigenismo na América Latina, além dos problemas de integração e políticas públicas que os Estados nacionais na região enfrentaram nos séculos XIX - XX.
A reunião ocorreu na sala da Congregação do Instituto de Relações Internacionais da USP, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, s/n, travessas 4 e 5.
No dia 07/08 ocorrerá a reunião mensal dos pesquisadores da Cátedra José Bonifácio, que contará com a presença de Beatriz Paredes. Na ocasião, a catedrática fará uma exposição que pretende discutir os processos de independência da América Latina e seus desdobramentos.
A reunião ocorrerá na sala da Congregação do Instituto de Relações Internacionais da USP, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, s/n, travessas 4 e 5.
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